omando o que o livro traz consigo e o que pode levar até ele, há pelo menos sete elementos marcantes no universo deste setênfluo, de Lasana Lukata. O primeiro salta aos olhos de quem acompanhou, ainda que minimamente, o autor até o momento: a consolidação de uma poética evidenciada nos e além dos poemas, cujos traços também se notam em crônicas e narrativas, as quais costumam se construir pela via do amálgama. Nesses traços são fortes as simbologias caras à escrita de Lasana, e eis aqui mais dois dos elementos aludidos: de um lado, o menino; de outro, e sob o mesmo teto, a madrasta, que é mais do que a não-mãe, por ser, antes, o ubíquo sinal de menos que tudo mancha de revés. Como quarto elemento, destaque-se a garça, ícone de fuga e de resistência, por meio do qual a poesia voa e abeira-se das águas de valas cotidianas. Com ela, o poeta diz ter aprendido a fazer curvas, e eu digo que também aprendeu a fazer versos dessa plumagem: “te quero como um longo mês de março/ em chuvas sobre flores./ não temas.../ tenho sete bocas para colher tua tempestade,/ beber o vinho dos teus pés”.